sábado, 18 de junho de 2011

Clássicos no cordel

CLÁSSICOS NO CORDEL

Clássicos da literatura estão sendo adaptados para os cordéis. Assim, é possível reler obras de escritores como Machado de Assis.


Dramas contundentes, paixões traiçoeiras, ´causos´ escrabosos, bravura ´quixotesca´. Romantismo e muito humor. São alguns dos ingredientes que endossam uma boa história de cordel. Sem falar, ainda, do ritmado certeiro e do compasso inebriante de seus versos popularescos. Como trovadores medievais, os cordelistas do Nordeste dinfundem ´mundo afora´ narrativas e poéticas embasadas nas tradições orais, que, segundo o estudioso Paul Zumthor, referem-se à transmissão oral, conduzida entre as gerações, dos conhecimentos armazenados na memória do ser humano.
Em toda a história da literatura erudita, a narrativa popular sempre exerceu forte influência. A partir dela, grandes escritores como o inglês William Shakespeare e os brasileiros Ariano Suassuna, José Lins do Rego e Guimarães Rosa, encontraram a inspiração necessária para criar seus romances, contos e peças teatrais. Da mesma forma, como uma troca constante, a poesia popular se apropria de elementos da esfera erudita para tecer suas histórias.

Exemplo disso, é a adaptação produzida para a linguagem de cordel dos grandes clássicos da literatura nacional e internacional. Os cordelistas cearenses Klévison Viana, Rouxinol do Rinaré e Arievaldo Viana são mestres no ofício. Cada um, a sua maneira, vem realizando várias produções dessa natureza. Atualmente, estão lançando três novas adaptações: ´A ambição de Macbeth e a maldade feminina´, de Arievaldo Viana(Cortez Editora); ´Os Miseráveis´, de Klévisson Viana, e ´O Alienista´, de Rouxinol do Rinaré,( ambas pela editora Nova Alexandria).

Com ´A ambição de Macbeth e a maldade feminina´, Arievaldo Viana realiza uma livre adaptação do livro ´Macbeth´, de William Shakespeare. Promovendo um recorte sobre os principais acontecimentos dessa obra, o cordelista constrói uma narrativa interessante que enfatiza toda uma aura de mistério, excitando a curiosidade do público. Klévisson Viana, por sua vez, realiza a adaptação de ´Os Miseráveis´, romance homônimo de Victor Hugo. Nele o autor une aspectos da linguagem popular (expressões e gírias locais) com construções mais rebuscadas provenientes da obra original. Em ´O Alienista´, o poeta Rouxinol do Rinaré mostra-se fiel ao texto original de Machado de Assis, mas, ao mesmo tempo, preza pelo bom humor e pela ironia, tão bem focada pela poesia dos cordéis.

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